Rede de Economia Solidária completa dois anos em Heliópolis
Um novo jeito de empreender na quebrada
O projeto de Economia Solidária da UNAS completou em maio dois anos de existência. Desde 2015, foram identificados os microempreendedores existentes dentro da comunidade para estimular a comercialização por meio da cooperação criando novos mecanismo de geração de renda. Conveniado com a Secretária Nacional de Economia Solidaria, do Ministério do Trabalho e Emprego, o projeto tem por objetivo construir relações econômicas igualitárias, tendo uma perspectiva central de fortalecimento dos pequenos comércios, coletivos culturais e artesãos de Heliópolis e região.“Fizemos o mapeamento dos empreendimentos, e percebemos que em Heliópolis se faz economia solidária, a partir do princípio de que a economia solidária é a valorização do comércio local. Construímos a Coopersol – Rede Cultural de Cooperação Solidária, com quase 40 empreendimentos, e podemos chegar a 60 em 2017”, explica Angêla Aparecida de São José Ferreira, coordenadora da Rede Coopersol e da Biblioteca Comunitária de Heliópolis.
As pessoas participantes promovem feiras de economia solidária e formações, que acontecem em encontros quinzenais. “Dentre os temas trabalhados estão os conceitos do que é a economia solidária, que vai contra o capitalismo e que está preocupada com o ser humano, com a nossa felicidade. A economia solidária trabalha questão de se preocupar com o outro, fazer junto e não querer competir. Além disso, nas formações, trabalhamos as questões sociais, tais como o papel do negro, do indígena, dos quilombolas, e de tudo que forma a rede”, complementa Ângela.
Após um ano de trabalhos voltados aos sujeitos que participam da rede, o foco agora é no fortalecimento dos empreendimentos. “Fazemos formação contábil, contemplando questão do fazer junto”. Ângela lembra ainda que no âmbito do projeto, foi promovida a primeira feira feminista de Heliópolis, em parceria com o Movimento de Mulheres de Heliópolis e Região. “Tivemos uma reunião entre a Coopersol e o movimento de mulheres, falamos sobre o feminismo no Brasil e a história do 8 de março, com a presença de quase 40 mulheres da comunidade”. Após a reunião, foi organizada a feira. “Ocupamos espaço da comunidade e fizemos uma verdadeira festa cultural”.
Maria de Fátima, 43, participa do projeto de Economia Solidária e vende cachorro quente aos finais de semana. Todas as quintas, sextas e sábados ela monta a estrutura na própria garagem de casa em Heliópolis. Ela começou o próprio negócio, pois estava ociosa e a renda da casa vinha apenas do marido. Conheceu o projeto Economia Solidária por uma amiga, que a ajudou a seguir em frente. Um dos momentos mais especiais para Fátima foi a primeira feira Feminista de Heliópolis, “as mulheres puderam mostrar a sua força”. Hoje, ela consegue se comunicar melhor com as pessoas e fazer parcerias, por entender que um pode ajudar o outro e que a economia solidária pode enriquecer Heliópolis tanto culturalmente, quanto economicamente.
A Coopersol participa do Fórum Paulista de Economia Solidária, dentre outras articulações de fomento à economia solidária de âmbito local, regional e nacional que a UNAS integra. Uma das propostas para este ano é inaugurar uma cozinha comunitária. Pretende-se, com essa e outras iniciativas, dar sequência à expansão da economia solidária e ao desenvolvimento local em Heliópolis e região.