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A importância da Educação Infantil: Como a UNAS é referência no trabalho pedagógico

Escrito por André Silva | Editor Douglas Cavalcante

Investir em um acolhimento humanizado, na aprendizagem focada na criança como sujeito e na utilização do território como ferramenta pedagógica são estratégias da UNAS para sua atuação na educação infantil, impactando atualmente 3 mil crianças.


Por muitos anos a creche no Brasil - e em outros lugares do mundo - preencheu um papel com caráter assistencialista que se restringia somente às  mulheres que trabalhavam e, consequentemente, precisavam desse atendimento para garantir o cuidado à criança. Este modelo visava garantir a segurança e a alimentação das crianças, não se preocupando com o desenvolvimento integral da criança e sem um planejamento pedagógico que envolvesse práticas educativas que estimulam sua aprendizagem e socialização.


“Antes a educação infantil fazia parte da Secretaria de Assistência Social, então não era visto como algo importante, não se pensava no desenvolvimento dessas crianças. Pensava-se no que? Que a mãe precisava trabalhar.” Conta Maria Vanderlei, carinhosamente chamada de Fia, gestora do CEI Leonarda “Neste período, inclusive, essas creches serviam exclusivamente para mães que trabalhavam, então a mãe que não estivesse trabalhando não tinha direito a este equipamento.”


Através da luta dos movimentos feministas e dos movimentos sociais, a Constituição reconhece, em 1988, a educação em creches e pré-escolas como direito da criança e um dever do estado, ressignificando seus conceitos e assumindo assim um desempenho pedagógico com base na ideia de que a educação infantil é um direito fundamental de todas crianças.

Bebê em atividade em Centro de Educação Infantil gerido pela UNAS | Foto: Douglas Cavalcante
Bebê em atividade em Centro de Educação Infantil gerido pela UNAS | Foto: Douglas Cavalcante

“Hoje é direito da criança de ter este espaço de educação infantil, independente se a mãe trabalha ou não trabalha.” complementa Fia


A educação em sua forma geral se estende para além da ideia de passagem de conteúdo, informações e conhecimento, ela possui a capacidade de transformação individual e social; partindo dessa perspectiva, a educação infantil é crucial na vida de qualquer pessoa, uma vez que trata-se da primeira etapa da educação básica presente na vida de uma criança, deixando o núcleo familiar, onde está com a família e passa por um convívio social dentro de uma escola - popularmente chamada de escolinha.

Katia Regina, Gestora do CEI Sitio Caraguatá, sob gestão da UNAS | Foto: Cindy Tavares
Katia Regina, Gestora do CEI Sitio Caraguatá, sob gestão da UNAS | Foto: Cindy Tavares

“A educação infantil é o conjunto de práticas que compõem a educação básica, que se inicia a partir do nascimento da criança.” explica Katia Regina, carinhosamente conhecida como Katu, pedagoga e diretora do CEI Sítio Caraguatá. “O objetivo desse período não é forçar o aprendizado nem iniciar a alfabetização e letramento — na verdade, a educação nessa época promove o desenvolvimento de capacidades motoras, sociais e cognitivas.”


“A educação infantil é a base da vida.” ressalta Claudia Soares, da equipe de acompanhamento pedagógico. “Tudo o que acontece com essas crianças em suas famílias ou dentro dos CEI’s - Centro de Educação Infantil - tem uma potência muito grande, é neste lugar, na primeira infância,  que ela vai aprender a socialização, a integração, a participação e a construção da sua autonomia.”


“Todo o trabalho na educação infantil é pensado primeiro no que é melhorar para a criança''. conta Fia. "então na hora de pensar no espaço interno, a gente pensa na mobília, nos brinquedos, organização do refeitório, a rotina dos professores e assim garantir o desenvolvimento dessa criança.”


Entende-se educação infantil como destinada para crianças de 0 à 6 anos, nesse período da vida as crianças possuem uma alta capacidade de aprendizado, absorção e desenvolvimento, sendo altamente influenciadas pelo ambiente na qual estão inseridas e pessoas com as quais se relaciona, sendo assim, a educação infantil tem a importância no desenvolvimento de uma criança indo muito além dos seus primeiros passos e de suas primeiras palavras, é o momento de explorar a curiosidade, experienciar descobertas e colher aprendizados que vão acompanhá-la em sua vida e para a criança estar aberta para esse novo mundo é necessário o acolhimento dentro dos equipamentos de educação infantil.


“O acolhimento é importante por fortalecer os vínculos, tanto da criança quanto da família.” explica Cláudia. “O acolhimento está no olhar, está na forma que você conversa com essas famílias, na forma que você interage com a criança e a gente também leva isso para as equipes, é muito importante que as equipes sejam acolhidas pela equipe gestora.”


“A gente precisa pensar em como acolher não apenas essas crianças, mas também a sua família, fazer com que elas venham para dentro desse processo como parceiros.” diz Fia. “Essa parceria é importante em todos os momentos do desenvolvimento da criança, se houve alguma mudança na rotina, de estarem envolvidas no planejamento pedagógico e é a participação da família que fortalece o nosso trabalho.”


“Eles sempre se importam, na alimentação, na estrutura do CEI para as crianças quanto para os pais e nunca afastam a família, eles estão sempre trazendo para perto.” explica Rafaela Santos, mãe atendida pelo CEI Sítio Caraguatá. “A gente trabalha em conjunto para a criança amanhã ou depois elas não esquecerem”


O envolvimento da família neste processo fortalece a construção de vínculos afetivos e de confiança, contribuindo para um ambiente acolhedor e seguro tanto nos espaços educacionais quanto em casa. Este apoio contribui para o alinhamento das práticas pedagógicas, garantindo que as crianças recebam um apoio contínuo  e consiste no seu processo de aprendizagem.

Thomas chegando ao CEI com sua mãe Rafaela | Foto: Cindy Tavares
Thomas chegando ao CEI com sua mãe Rafaela | Foto: Cindy Tavares

Rafaela tem três filhos, sendo dois deles, Sophia (4) e Thomas (3), atendidos pelo CEI Sítio Caraguatá. Para ela, o processo de educação infantil dentro dos CEI’s contribuiu muito para o desenvolvimento dos seus filhos, tendo um papel importante na desenvoltura, na autonomia e no comportamento social deles. “As pessoas às vezes pensam que a educação infantil não é importante, mas ela é nesse primeiro contato com outras pessoas e demais crianças.”, explica Rafaela ao relacionar o papel da educação infantil no processo de desenvolvimento de Sophia, antes uma criança mais reclusa. “Antes ela pegava o brinquedinho dela e ia para o cantinho brincar sozinha, mas as professoras foram até ela e a ajudaram a aprender a se incluir, a brincar com as outras crianças, a respeitar e a amar.”

Esse envolvimento com a família se estende para fora das reuniões convencionais e burocráticas, garantindo um contato direto e que permita à família participar do processo pedagógico que acontece dentro dos CEI’s.


“A gente não trabalha com aquela reunião tradicional para dizer ‘ah, a criança tá assim, tá assado.’” explica Cláudia Soares. “Por exemplo, temos um currículo de educação etnico-racial para trabalhar as questões de racismo, então trabalhamos isso de forma lúdica, na forma de brincar e isso é importante para o nosso território, é um território preto e as famílias vivenciam essas atividades nas reuniões.”

Anna Julia, criança atendida no CEI Euridice Ferreira de Melo, sob gestão da UNAS, ao lado de sua mãe Leandra Maria da Silva | Foto: Adriano Vizoni/Folhapress
Anna Julia, criança atendida no CEI Euridice Ferreira de Melo, sob gestão da UNAS, ao lado de sua mãe Leandra Maria da Silva | Foto: Adriano Vizoni/Folhapress

Entre os adultos, a brincadeira está entre as atividades frequentemente avaliada como tempo perdido partindo da ideia de que é uma atividade oposta ao trabalho, sendo por isso menos importante, uma vez que não se vincula ao mundo produtivo e que não gera resultado, mas no que diz respeito a educação infantil, brincar é coisa séria e é fundamental no processo uma vez que proporciona um ambiente estimulante para o desenvolvimento da criança, proporcionando uma experiência onde melhor exploram o mundo ao seu redor, aprendem a resolver problemas, desenvolvem traços criativos e de imaginação, além de fortalecer habilidades sociais como cooperação, empatia e respeito mútuo.

Educadora e crianças do CEI Aparecida Roseira das Graças, sob gestão da UNAS, em atividade pedagógica | Foto: Douglas Cavalcante
Educadora e crianças do CEI Aparecida Roseira das Graças, sob gestão da UNAS, em atividade pedagógica | Foto: Douglas Cavalcante

“É importante ter diversidade nas experiências que essas crianças têm dentro dos CEIs, sejam elas atividades que envolvem brincadeiras ou às aprendizagens que ocorrem por meio de uma intervenção mais direta.” explica Katu. “Brincar também determina o aprender, é neste momento que as crianças transformam todos os conhecimentos e experiências que têm em brincadeiras”


Fortalecer o vínculo entre a criança e o território também é uma etapa importantíssima para a educação infantil, ao participar de atividades no território, a criança tem a oportunidade de explorar o seu vínculo com o contexto social e cultural, interagir com diferentes espaços e pessoas, ampliando suas referências e vivências, favorecendo a construção de competências sociais, emocionais e cognitivas.

Atividade "Conhecendo minha Comunidade" realizada pela equipe do CEI Clímax I, sob gestão da UNAS | Foto: Cindy Tavares
Atividade "Conhecendo minha Comunidade" realizada pela equipe do CEI Clímax I, sob gestão da UNAS | Foto: Cindy Tavares

“O território onde a criança está inserida faz parte da sua construção como indivíduo. A criança precisa conhecer e explorar o entorno para conhecer de fato onde ela vive e convive.” explica Katu. “Reconhecer e valorizar o território no qual a unidade se encontra favorece a aprendizagem, a autoestima e a formação cidadã das crianças.”


“A criança precisa explorar a cidade onde vive da melhor forma, então é preciso trabalhar com saídas pedagógicas e isso ajuda a desenvolver esse sujeito de direitos.” explica Claudia. “E precisamos lembrar que somos sujeitos periféricos, então tem crianças que moram em um cômodo e então o CEI, que é lugar que ele passa dez horas de segunda a sexta, não oferece outras alternativas, e você se pergunta, qual perspectiva que essa criança vai ter do mundo? E a gente vai por esse caminho, mostrar que o mundo é deles.”


Atualmente, a UNAS faz a gestão de 17 Centros de Educação Infantil em convênio com a Secretaria Municipal de Educação da Cidade de São Paulo, distribuídos na comunidade de Heliópolis e na região. E seguindo a premissa do Bairro Educador, o envolvimento do território no processo de educação infantil se estende para todas as crianças em questão, trazendo o CEI como um aliado do território onde as crianças - atendidas diretamente ou indiretamente - tenham acesso a este processo.



“O CEI expande esse carinho, esse amor e esse respeito para a comunidade, mesmo com as famílias que não tem criança dentro do CEI.” explica Rafaela. “E ele é muito forte na região, não só pelo cuidado com as crianças que estão ali dentro, mas cuidam das demais crianças que estão ao redor, as crianças da comunidade. As crianças elas podem brincar ali no parquinho, o envolvimento da comunidade com a horta que a Katu libera pra estar olhando, pra estar cuidando. Então eles trazem a comunidade pra perto, pra dentro desse processo.”


“Tem muita coisa que acontece na educação infantil que não se resume a só matricular a criança, receber ela de manhã e ir embora à tarde.” explica Fia. “Mas tem toda essa questão com as famílias e com o território no dia a dia, são ‘n’ questões que a gente acolhe

 

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