Festival Helipa Music faz crianças brilharem com suas reivindicações
Ontem (03), aconteceu a 13º edição do festival Helipa Music, o evento que é feito por e para crianças aconteceu na Rua da Mina em Heliópolis reunindo centenas de crianças e adolescentes para apresentar suas músicas autorais inspiradas por suas vivências, os jovens presentes criaram suas canções através de oficinas dentro de seus respectivos CCA’s (Centros para Crianças e Adolescentes).
O clima estava quente, mas nada que um banho de mangueira não possa resolver, não é mesmo? Os presentes chegaram por volta de 12h e a expectativa e o nervosismo estavam no ar, “Estou meio nervoso porque aqui é muita gente quando tá só a gente aí beleza, mas chegando aqui fiquei nervoso” disse André que é atendido pelo CCA Pam.
Os educadores, gestores e coordenadores também entraram no clima da festa e cantaram todas as músicas, o nervosismo não atrapalhou e o gostinho de frio na barriga de cada um deles foi o que abrilhantou cada apresentação, “eles se empenharam muito desde do início e depois que chegamos na música fomos formulando a apresentação, eles se dedicaram muito além de estarem muito nervosos, foi lindo ver eles se empenhando tanto” contou Rafaela Agda, educadora do CCA Heliópolis.
O trabalho foi árduo e os temas tratados pelos jovens mostram a realidade de cada território onde o CCA está, o processo é de praticamente um ano de muita escuta, troca e empenho de cada um presente “Esse processo nasce de primeiro muita escuta, do que os jovens e as crianças têm a dizer, a gente já passou por isso, temos muita coisa pra falar mas essa forma de expressar pode vir muitas vezes embaralhadas, mas nos organizamos o que eles queriam dizer e depois começamos a pensar em colocar outras linguagens artísticas” revelou Gustav, oficineira de teatro dos CCAs.
O trabalho realizado pelos CCAs é sempre voltado para as vivências de cada atendido, respeitando sempre a autonomia de cada um no espaço, o festival só é a ponta de um processo lindo e rotineiro que é feito nos projetos “Criar a música foi um processo criativo, falamos muito da nossa quebrada e do nosso CCA, mostramos que o CCA não é só comer, é se divertir, curtir e reivindicar com muita animação” contou o jovem André, “Foi difícil pra todo mundo pegar as letras e todo mundo pegar a coreografia também, ficamos tensos, foi corrido mas valeu a pena, todo mundo se divertiu e isso que importa” disse Artur Felipe do CCA Lagoa
Para quem vem de fora o festival pode ser uma grande atividade para as crianças se divertirem, mas na verdade é um espelho do que cada um vive no seu cotidiano, Priscila Yamaguchi veio conhecer o festival e ficou encantada com o que viu “Eu acho que pra quem vem de fora é bacana entender qual é a relação que as pessoas têm com esse lugar e esse espaço, é muito bom ver as crianças tão envolvidas com o projeto, fica claro o carinho que elas têm com os educadores e as músicas” disse ela animada.
As crianças e adolescentes fizeram um lindo show, mostrando que o trabalho diário feito com todas e todos que participaram é efetivo, todos merecem seu espaço e com muito trabalho puderam brilhar no palco montado na rua, Helena do CCA Georgina contou que “O Festival é muito legal, minha expectativa aqui é mostrar para as pessoas nossa quebrada, a importância da quebrada, que ela sempre vai está dentro de nós, independente se a gente mora dentro ou fora dela".
Foram 11 apresentações da mais diversas, umas com dança, outras com interpretações e algumas até com manifestos escritos pelas próprias crianças, o evento feito por e para eles só afirma a necessidade do respeito aos direitos, direito à cidade, à cultura, as trocas e o direito de poderem brilhar, aliás gente é feito pra brilhar. Ano que vem teremos a 14º edição e já estamos empolgados para o que esses jovens têm para nos contar.
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