Inscrições abertas para o 15º Seminário Heliópolis e região Bairro Educador
15º Seminário Heliópolis e Região Bairro Educador: Educação Popular Articulando Redes de Cuidados para a Garantia de Direitos
Nos dias 12 e 13 de setembro, a comunidade de Heliópolis e região se reunirá para o 15º Seminário Heliópolis e Região Bairro Educador, um espaço de troca, aprendizado e construção coletiva em torno da educação popular e das redes de cuidados para a garantia de direitos. O evento, que já se consolidou como um marco na agenda local, tem como tema central neste ano a "Educação Popular Articulando Redes de Cuidados para a Garantia de Direitos".
O Seminário reunirá educadores, lideranças comunitárias, estudantes, profissionais da educação, profissionais da saúde, assistência social, cultura, e demais atores comprometidos com a promoção dos direitos humanos, onde o cuidado mútuo e a garantia de direitos sejam pilares de uma sociedade mais justa e solidária. Através de mesas dialógicas, debates e apresentações culturais, o evento busca fortalecer as redes locais de cuidado e criar pontes entre diferentes setores e instituições, promovendo uma educação que vá além dos muros da escola e dos projetos sociais e que seja capaz de transformar realidades.
Neste ano, o foco estará na construção de estratégias coletivas para a proteção e promoção dos direitos humanos, especialmente no contexto atual, onde desafios sociais e econômicos têm impactado diretamente a vida das comunidades. Serão discutidos temas como saúde mental, primeira infância, inclusão e educação integral, acesso à educação de qualidade, direitos das crianças e adolescentes, a formação das juventudes no enfrentamento às desigualdades sociais e o papel da comunidade na articulação de políticas públicas que garantam esses direitos.
O 15º Seminário Heliópolis e Região Bairro Educador reafirma o compromisso de todos os envolvidos em construir uma educação popular que seja inclusiva, transformadora e que coloque o cuidado no centro das ações. É um convite para todas, todes e todos que acreditam que a educação é um direito e que, através dela, é possível construir um mundo mais justo e igualitário.
Venha participar deste encontro e contribuir para a construção de uma sociedade onde o cuidado e a educação caminham juntos no Bairro Educador! Viva a Luta!
INSCRIÇÕES ABERTAS
Mesa 01: Políticas de Cuidado
Todas as pessoas têm direito a cuidar, a ser cuidado e ao autocuidado. Entretanto alguns grupos sociais devem ser priorizados na assistência porque sofrem maiores e mais sistemáticas violações de direitos. Alguns dados evidenciam que, no Brasil, há uma maior responsabilização das mulheres pelo cuidado: 30% das mulheres brasileiras não procuram emprego devido ao trabalho doméstico e de cuidados não remunerados. A realidade é ainda pior entre mulheres negras (32%) em comparação com as mulheres brancas (27%). A maneira como os trabalhos de cuidados se organizam no Brasil revelam um problema público porque ela é desigual, injusta e insustentável. Entender e mapear as vulnerabilidades das pessoas de Heliópolis e região tem sido uma tarefa histórica do nosso Bairro Educador, que há anos promove ações de enfrentamento às desigualdades, seja na denúncia de faltas de políticas públicas de assistência, seja na proposição de ações de atendimento via parcerias entre agentes da sociedade civil. Na nossa prática diária procuramos nos articular como rede de proteção social e lutar pela garantia de direitos de pessoas em alto grau de vulnerabilidades, aprimorando nossas estratégias de escuta e de articulação. Essa mesa de debates é uma oportunidade de avançarmos mais ainda na reflexão sobre as possibilidades de cuidados em nosso território, divulgando as ações que já acontecem e expandindo nossas estratégias de luta por políticas públicas de cuidado.
Debatedores Convidados:
Ana Diniz: Coordenadora do Núcleo de Estudos de Gênero do Insper e Doutora em Administração Pública e Governo pela FGV-EAESP
Roseana Garcia: Professora e Supervisora do Instituto Brasileiro de Psicanalise Winnicottiana e Doutora em Psicologia Clinica da PUC-SP
Maria Carolina: Diretora do Departamento de Politicas de Cuidado da Primeira Infância e da Pessoa Idosa do Ministério do Desenvolvimento, e Assistência Social, Família e Combate a Fome
Local: Estrada das Lágrimas, nº 2385 (EMEF Pres. Campos Salles)
Mesa 02: As Consequências do Racismo Estrutural nas periferias das cidades
O racismo é uma ideologia que faz parte do sistema social, econômico e educacional do Brasil e do mundo, há séculos. Por meio dele, as estruturas e as relações sociais são configuradas de maneira que promovem desigualdades entre as pessoas, conforme sua raça/cor. Historicamente, a população negra brasileira é marginalizada, apartada de direitos e oportunidades, sendo submetida a discriminações, preconceitos, situações de vulnerabilidade econômica e social e diferentes tipos de violências, que consequentemente trazem maior incidência de situações de fome, doenças e mortes. O genocídio da população negra brasileira é um projeto que se iniciou com a escravização e diáspora dos povos africanos, porém, até os dias de hoje, este projeto continua em atividade, dentro das instituições públicas/estatais e privadas, se tornado algo sistêmico e estrutural. Essa mesa tem como proposta debater de que forma o racismo atua nas instituições públicas, privadas e organizações sociais, reverberando nas vidas das pessoas negras e não-negras, principalmente nas comunidades periféricas. O debate buscará apresentar o histórico das políticas nacionais que reproduzem o racismo e as possíveis soluções para que ele seja dirimido, desde os espaços escolares e de trabalho, aos domicílios das famílias. Por meio desta discussão podemos desconstruir preconceitos e estereótipos enraizados, promovendo a compreensão e o respeito pela diversidade. A educação antirracista não apenas sensibiliza sobre a história e as contribuições das comunidades racializadas, mas também desafia as estruturas e práticas que perpetuam a discriminação. Ao incorporar essas discussões no ambiente educacional, criamos oportunidades para o diálogo, a empatia e a ação, capacitando indivíduos a serem agentes de mudança na luta contra o racismo.
Debatedores Convidados:
Kiusam de Oliveira: Escritora e autora de sucessos como "O Mundo do Black Power de Tayó" e "Com qual penteado eu vou", contadora de histórias, pedagoga, produtora cultural, bailarina e coreógrafa
Gabriela Pinto: Especialista em Direitos das Mulheres da ActionAid Brasil, compõe a coordenação do Fórum Nacional de Reforma Urbana e a coletiva de Mulheres pelo Direito à Cidade e Pós-Doutora pela UFF
Local: Estrada das Lágrimas, nº 2385 (EMEF Pres. Campos Salles)
Mesa 03: A pedagogia da participação popular: Os movimentos sociais transformando o Brasil
A história do Brasil está marcada por diversas lutas populares que nos fizeram avançar enquanto povo organizado. Podemos citar Zumbi dos Palmares, as lutas dos operários organizados na luta sindical, a luta dos negros pela abolição, os movimentos pelo fim da Ditadura, as Diretas Já, as CEBS (Comunidade Eclesial de Base), o Fora Collor, o Movimento Passe Livre, entre outros.
Com forte presença dos movimentos estudantis, assim como dos movimentos de moradia, movimento de mulheres, movimento negro - que abriu o debate sobre antirracismo e o racismo ambiental - a nossa história nos mostra que a articulação popular sempre teve como estratégia atuar no plano nacional e incidir em políticas públicas. Tais organizações são propulsoras de pressão popular frente aos governos e ao Estado.
Os Movimentos Sociais Populares, as Organizações Não Governamentais e a Sociedade Civil Organizada, trazem a insatisfação e indignação da sociedade frente ao Estado, que não cumpre seu papel estratégico de distribuição de riquezas e de promoção de justiça, cidadania e inclusão social. Somente a participação do povo nas tomadas de decisões podem transformar este cenário e gerar influência nas políticas públicas, visto que ainda hoje o Estado é conduzido pelo mercado financeiro e pelas grandes corporações.
Na última década as ruas receberam várias manifestações sobre o golpe que ocasionou o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, além de uma grave tentativa de golpe contra a democracia em 08 de janeiro de 2023, nos mostrando a existência de grupos que aderiram ao apelo da direita e extrema direita e a ascensão de conteúdos fascistas e da cultura de propagação de “Fake News”. Essa mesa tem por objetivo dialogar sobre os desafios que as escolas, as organizações e os movimentos populares enfrentam, diante da necessidade de formação política e da defesa do Estado Democrático de Direito.
Debatedores Convidados:
Moises Selerges: Presidente dos Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, trabalhador da Mercedes-Benz desde 1985 com longa trajetória no movimento sindical.
Gabriel Simeone: Membro da Coordenação Nacional do MTST - Movimento dos Trabalhadores Sem Teto
Inddira Khadi: É cria de Heliópolis vivendo em Campinas. Graduada em Pedagogia pela UNICEU Heliópolis atua como Educadora Social.
Local: Estrada das Lágrimas, nº 2385 (EMEF Pres. Campos Salles)
Mesa 04: O Direito à Educação sob ameaça
Nos últimos anos a Educação de Jovens e Adultos vem sendo duramente negligenciada pelos poderes públicos. De acordo com o Censo Escolar de 2023, mais de 68 milhões de brasileiros com a idade de 18 anos não concluíram a educação básica e hoje estão fora da escola. Em todo o país existem apenas 2,5 milhões de matrículas na modalidade EJA. No caso da cidade de São Paulo, cuja população é de 11,6 milhões de habitantes, existe uma demanda de mais de 3 milhões de pessoas, com idade superior a 15 anos, que não concluíram o ensino fundamental. O número de matrículas na EJA da Rede Municipal de São Paulo, no período de 2013 a 2023, vem caindo acentuadamente. O número total de matrículas em 2013 era 54.096 e em 2023 o número era de 24.041. Se há milhões de pessoas que ainda não concluíram seus estudos, onde elas estão? Por que as escolas não conseguem incluí-las? O que os sucessivos governos municipais têm feito para resolver essa situação? A EJA é um direito que deve ser garantido pelo Estado, por meio da elevação da escolaridade e da continuidade dos estudos a esse público. Na região de Heliópolis atualmente apenas duas escolas (EMEF Gonzaguinha e EMEF Pres. Campos Salles) oferecem a modalidade EJA, ambas no período noturno, e juntamente com o MOVA/ UNAS, essas escolas têm lutado para continuarem a garantir o direito à educação para jovens e adultos. Esse debate é um importante espaço para entendermos os problemas que temos diante de nós e de criarmos estratégias de enfrentamento a eles.
Debatedores Convidados:
Zara Figueiredo: Secretária de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão do Ministério da Educação e Doutora em Educação pela Universidade de São Paulo
Sonia Kruppa: Professora titular da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, socióloga e pedagoga
Milena Micossi: É mestre em Educação pela PUC/SP e Doutoranda pela da Universidade Nove de Julho
Local: Estrada das Lágrimas, nº 2385 (EMEF Pres. Campos Salles)
Mesa 05: O enfretamento à falta de politicas públicas de assistência à crianças e adolescentes vítimas de violação de direitos: Núcleo de atendimento psicológico como um modelo de clínica psicológica
A definição de integralidade proposta pelo SUS, em conjunto de ações de outros âmbitos de políticas públicas, como o SUAS, a SME e o Ministério Público, considera o sujeito em sua totalidade a partir de articulações da saúde com a rede de serviços. A integralidade necessita de uma atuação intersetorial entre diferentes áreas, que tenham repercussão na qualidade de vida dos indivíduos (crianças, adolescentes, jovens, adultos e famílias). Assim, levando em consideração as discussões e os trabalhos realizados pelo GT de violência de Heliópolis desde 2021 - que tem como meta aplacar os cenários de violências presentes no território, uma vez que se entende que um dos possíveis efeitos do atravessador da violência é a aniquilação da subjetividade e do desenvolvimento da saúde mental, - essa mesa tem como objetivo apresentar um modelo de clínica de saúde mental popular e periférica, e seus impactos no território de Heliópolis e região. O fortalecimento dos atendidos através de atendimentos clínicos, das reflexões sobre as vivências no bairro educador, das articulações com a rede de proteção e da promoção de diálogo é uma potente estratégia de enfrentamento à violência infanto-juvenil. Essas são algumas das práticas previstas pelo projeto NAPsi-UNAS, que nesse debate serão conhecidas e fortalecidas.
Debatedores Convidados:
Beatriz Brambilla: Doutora em Psicologia Social pela PUC SP
Luciane Jabur: Doutora em Psicologia Social pela PUC SP
Regina Paixão: Presidente da Sociedade Santos Mártires no Jardim Angela e, Coordenadora do Fórum em Defesa da Vida
Rafel Raicher: Psicólogo formado pela PUC-SP e especialista em saúde mental coletiva pela UNICAMP
Local: Rua Professor Artur Primavesi, nº s/n (CEU Parque Bristol)
Mesa 06: Primeira Infância, Educação Integral, Equidade e Inclusão no Bairro Educador
Essa mesa trará um panorama da Primeira Infância no Brasil, segundo o diagnóstico realizado pelo Grupo de Trabalho da Primeira Infância do Ministério do Desenvolvimento Social. O debate partirá da visão geral sobre a importância da primeira infância e os desafios enfrentados no Brasil, com foco nas periferias e especialmente no nosso território. Debateremos também as desigualdades e seus impactos na Primeira Infância, assim como uma concepção abrangente de inclusão e as tendências e futuras direções para as políticas e práticas que a contemplem.
Debatedores Convidados:
Adriana Paz: Mestre em Educação pela PUC, é Supervisora Escolar Prefeitura da Cidade de São Paulo e escritora
Crislei Custódio: Doutora em educação pela Faculdade de Educação da USP e Coordenadora de educação em direitos humanos do Instituto Vladimir Herzog
Natacha Costa: Diretora geral da Associação Cidade Escola Aprendiz, mestranda na Faculdade de Educação da USP e compõe o Movimento de Inovação na Educação
Priscilla Cruz: Presidente e co-fundadora do Todos Pela Educação., é mestre em Administração Pública pela Harvard Kennedy School of Government
Local: Rua Alencar Araripe, nº 261(EMEF Dr. Abrão Huck)
Mesa 07: Protagonismo Juvenil: O Repertório Cultural dos Jovens do Território
Ao longo de sua história, Heliópolis tornou-se uma referência para outras comunidades da cidade, principalmente por criar tecnologias sociais capazes de engajar a sua população em torno da luta por garantia de direitos. A sua cultura política garante às novas gerações possibilidades de ações muito potentes, gestadas há décadas por lideranças históricas e hoje protagonizadas por jovens criativos e inovadores. Nesse debate pretendemos debater a importância do protagonismo juvenil e os contextos onde ele é possível, além apresentar alguns projetos desenvolvidos por jovens lideranças do território, seja no campo da pesquisa e da construção de conhecimento, seja no âmbito da cultura, da mobilização social e do exercício cotidiano da política. Procuraremos ainda entender como projetos e atividades escolares, assim como alguns métodos de ensino, podem favorecer o protagonismo de jovens estudantes e favorecer debates sobre algumas pautas já apontadas no território, como juventude e mercado de trabalho, os impactos das tecnologias na vida dos jovens, dentre outras.
Coletivos Debatedores:
Observatório De Olho Na Quebrada: Projeto social da UNAS criado em 2018 com o objetivo de produzir dados e pesquisas de temas de interesse da Favela de Heliópolis e de comunidades da região do Fundão do Ipiranga
Heliópolis Investindo na Vida: Projeto social da UNAS em parceria com a Coordenadoria de Saúde de São Paulo, promovendo educação sobre prevenção de Ists e HIV, gravidez não planejada, baseado nos direitos humanos, para adolescentes e jovens de Heliópolis e região
Minas e Manos Unidos Desconstruindo o Machismo: O projeto Minas e Manos Unidos Desconstruindo o Machismo,é é uma parceria entre a UNAS e a Kindernothilfe, com objetivo de promover a igualdade de gênero e o combater a violência contra as mulheres na Favela de Heliópolis e região
Projeto de Formação em Direitos Humanos: Projeto social da UNAS em que busca capacitar jovens, oferecendo-lhes conhecimentos sobre direitos humanos, cidadania e justiça restaurativa
Local: Estrada das Lágrimas, nº 1029 (EMEF Luiz Gonzaga do Nascimento)