UNAS promove o acesso ao esporte, a cidadania e a autoconfiança através do jiu-jitsu para crianças
O Jiu-Jitsu, uma arte marcial milenar do Japão, que tem se destacado não apenas como uma forma eficaz de defesa pessoal, mas também como uma poderosa ferramenta de educação para crianças e adolescentes. Projetos voltados para o ensino de Jiu-Jitsu têm surgido aos montes, inclusive existe um projeto de lei que inclui a prática da modalidade como opção nos currículos de todas as séries do ensino fundamental.
A prática do Jiu-Jitsu tem chamado a atenção pelas aulas práticas da modalidade e também pelas lições valiosas de disciplina, respeito, autocontrole e trabalho em equipe, como é praticado no projeto Vencer Pelo Jiu-Jitsu, projeto da UNAS em parceria com a CBMM (Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração), que há seis meses vem fazendo parte da grade de atividades dos 150 educandos do Centro para Criança e Adolescente Pam e Izaura, localizados nas favelas de Heliópolis e Boqueirão.
“É um projeto ideal que acolhe muitas crianças e que vai abrir portas, ele não é como o futebol, é algo ‘novo’.” explica Thaynara. “O jiu-jitsu é uma arte marcial que vai além de ensinar apenas a lutar, e o projeto desenvolve essa ideia, não adianta você ser um bom atleta e um bom aluno no tatame, você precisa ser um bom filho dentro de casa, um bom aluno na escola e um bom cidadão na sociedade.”
Thaynara Bandeira, 24 anos, é educadora do projeto Vencer Pelo Jiu-Jitsu, vinda de Manaus, Amazonas, conheceu a modalidade ainda muito nova, aos 12 anos. Já aos 14 anos estava participando de competições, incluindo São Paulo, para onde mudou definitivamente aos 16 anos. Thainara hoje se vê como um exemplo para as crianças e adolescentes com quem trabalha, uma inspiração. “A gente perguntou o que eles queriam ser quando crescer.” ela conta. “Teve aqueles que queriam ser policial, advogado, mas teve os que queriam ser atletas de jiu-jitsu.”
Bruno Vinicius, 28 anos, lembra dos tempos em que foi educando dos projetos sociais da UNAS e da sua trajetória no esporte e também na educação, sendo educador de um dos CCA´s - Centros para Crianças e Adolescentes da UNAS e trabalha há 4 anos com projetos voltados ao jiu-jitsu. Apesar da experiência, Bruno sentiu o desafio de apresentar o jiu-jitsu, uma arte marcial, como um projeto de disciplina. “A gente trabalha esse preconceito, de que é uma defesa pessoal, mas não é uma briga. ‘Ah vou treinar jiu-jitsu hoje, mas quando eu chegar na escola vou usar pra brigar.’ Não é isso, entende?”
O espaço promovido pelo Jiu-Jitsu ensina valores essenciais como disciplina e respeito aos mestres, colegas e ao próprio corpo, tal como desenvolver a autoconfiança e também o autocontrole, como enfrentar desafios criados através de pressão e o controle de suas próprias emoções.
“Olha, se você não tiver disciplina no tatame, você não vai ter disciplina em casa, no CCA, na escola.” explica Bruno. “A gente tem que treinar as meninas e os meninos que estão no tatame. A disciplina do respeito tem que ser colocada em prática em todo lugar.”
O Vencer Pelo Jiu-Jitsu desempenha um papel crucial na disseminação desses benefícios para crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social, oferecendo acesso gratuito às aulas da modalidade e possibilitando que os jovens de Heliópolis e Região tenham a oportunidade de praticar um esporte que, como diz Bruno, está muito além de suas possibilidades financeiras.
Thainara e Bruno recordam do dia em que encontraram um de seus educandos vendendo bala em um farol para ajudar a família dentro de casa, com isso sentiram a responsabilidade de trazer aquele garoto para a oficina.
“A graduação dele é semana que vem.” conta Bruno, com alegria. “Hoje ele tá fazendo a modalidade que lá na frente pode ser o sustento dele. Mas saber que através do jiu-jitsu, conseguimos trazer ele de volta, de colocar um objetivo pra ele, foi o momento que, como educador, eu senti que a gente deu um propósito para alguém.”
Além de lutar por todas as garotas e garotos, o ‘Vencer Pelo Jiu-Jitsu’ proporciona um ambiente seguro, acolhedor e inclusive para crianças e adolescentes, uma vez que, como lembra Thainara, era um esporte composto majoritariamente por homens.
“O jiu-jitsu não é só para homens, é para as meninas também.” lembra ela. “Hoje em dia as mulheres não se sentem à vontade para treinar com os homens. Então eu falo que a mulher pode ser o que ela quiser dentro do tatame.”
O Jiu-Jitsu não é apenas uma atividade física, mas sim uma poderosa ferramenta de educação que promove o desenvolvimento integral da criança e do adolescente, promovendo um lugar seguro e acolhedor, afastando-os de riscos, como da violência, do tráfico, e encontrando modelos positivos de comportamento e incentivos a manterem-se focados nos estudos e em um estilo de vida saudável.
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